Menopausa prematura
A cessação definitiva
das menstruações é um fato inevitável na vida das mulheres que vivem mais.
Quando isto acontece antes dos 35 anos de idade, falamos em menopausa
prematura. Embora isto possa parecer uma coisa rara para muitas pessoas não é
um acontecimento novo ou reservado à mulher moderna e nem tão pouco uma
entidade clínica inusitada no dia-a-dia dos médicos que cuidam da saúde
feminina.
Para ilustrar, vamos reproduzir parte de um artigo publicado, na
virada deste século, por Josephine Walter, na cidade de New York, numa das
maiores revistas médicas norte-americanas (The American Journal of Obstétricos
and Gynecology, volume XLV, Jan-June, 1902).
“Miss L, nasceu em
1858, nesta cidade. Era a nona filha de uma família de 14 crianças, 9 das quais
ainda vivas. Ela foi uma menina sadia, nascido em parto normal de tempo. Entre
os 7 12 anos, sofreu as doenças comuns da infância (catapora, sarampo, etc.).
Aos 11 anos, teve a sua primeira menstruação, que foi completamente normal e
sem nenhum distúrbio nervoso.
Fluxos menstruais
A partir daí os fluxos menstruais passaram a ser
regulares com duração de 3 ou 4 dias e sempre precedidos de dor. Ela sempre
gozou de boa saúde, era adolescente alegre e bem-disposta até quando sua mãe
ficou doente, em 1881, vindo a falecer súbita e inexplicavelmente. A morte de
sua mãe foi uma grande um grande choque para Miss L, que quase imediatamente
depois passou a sofrer de bronquite e cistite severas bastante para mantê-la
inválida por 3 meses.
Após a conferência de poder estas enfermidades sua menstruação
nunca mais voltou. Tinha na época 23 anos. Logo a seguir começou a sentir dores
de cabeça, nos pés ficam gelados e logo depois quentes. Tornou-se bastante
nervosa sofrendo de frequentes ataques de histeria. Passou a ter medo de ficar
sozinha e as suas noites passaram a ser verdadeiros tormentos”.
Menstruação e seus tabus
A leitura destas públicas
ações traz revelações muito pitorescas. Naqueles tempos, ainda não se conhecia
os hormônios e o tratamento para os casos de cessação prematura da menstruação
era realizado através de aplicação de eletricidade (corrente galvânica e
farádica), evidentemente sem nenhum sucesso. Pensava-se que a menstruação fosse
o resultado da estimulação de um plexo de nervos uterinos, isto é, um gânglio
que recebia mensagens do sistema nervoso central e com isto controlava os
fluxos menstruais.
O cérebro funcionava
como uma estação telegráfica enviando mensagens para este controle nervoso
(plexo ganglionar uterino, como era chamado). Este gânglio era responsável pelo
crescimento do endométrio que reveste a cavidade uterina, um tecido que se
descama sendo eliminado durante a menstruação. Acreditava-se, no início deste
século, que a menopausa prematura era consequência da atrofia, inibição ou
doença do gânglio nervoso do plexo uterino.
Os médicos tentaram
estabelecer relação com outras doenças conhecidas e, exceto nas enfermidades
que levavam a mulher a caquexia, nada parecia ter ligação. Todavia, os mesmos
achados clínicos que poderemos facilmente no altar com uma atrofia uterina,
ovariana, trompas, seios, vagina e genitália externa também já eram descritos
naqueles tempos. Podemos extrapolar conclusões, pois se não se sabia como
tratar os casos de menopausa prematura, aquelas mulheres que pararam de
menstruar depois dos 40 anos também não recebiam a menor atenção.
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